domingo, 29 de janeiro de 2012

Final de semana com chuva

Acordei com o barulho da chuva batendo na janela, cheguei à varanda e vi o céu cinza e a rua toda molhada. Deu-me vontade de voltar para cama e ficar deitada lá ao som da chuva e ficar lá enroscadinha nos lençóis. O tempo vagueia entre uns raios de luz que estão com medo de romper as nuvens...
Dia de abrandar a marcha. Um dia em que o sofá será forçado a ser o meu melhor amigo... Só quero vegetar na frente da TV.
Nada de pedalar ou ir passear no calçadão. Um dia em que a solidão me abraçou... Não porque nada aconteceu, simplesmente porque estou me sentindo assim... Acho que sou um ser meteorológico, que muda conforme o clima e o tempo. É sem duvida um bom dia para aqueles poetas sentimentais ficarem em transe com a melancolia deste dia.
Estou até um pouco anti-social hoje e um pouco “para baixo”, porque as emoções estão um pouco cinzentas, como o tempo. A chuva tem o poder mágico de despertar sentimentos que ficam guardados. Sou como o super-man, preciso do sol, os poderes do Super-Homem derivam de sua exposição ao sol amarelo da Terra. Eu também. Então nesses dias de chuva talvez seja recomendável um pouco de isolamento para recuperar as minhas forças e digerir algum sentimento que está me incomodando.

Vou aproveitar para fazer uma reflexão interior. O tempo úmido facilita essa introspecção. Todos precisaram fazer uma "lipo" em nossos egos e admitir algumas coisas pra valer, aí sim, poderemos seguir mais leves, sem tanto peso nas costas. Essa reflexão é como a lavagem da chuva, que limpa, lava e tira a poeira. É uma enxurrada em cima dos sentimentos que não fazem bem, renovando e aliviando a alma. Durante o tempo que a Vivi morou conosco cada vez que começava a chover ela corria para a varanda e grita “lava tudo!” Isso eu aprendi com ela. Que sensação gostosa de gritar isso na varanda. Os vizinhos que me perdoem, mas eu quero lavar os sentimentos dentro de mim. Sabe, depois disso eu me sinto renovada.

Agora à tarde a chuva parou um pouco. Mas já foi o suficiente para fazer um belo espetáculo dentro de mim. Viva a chuva, viva a minha querida Vivi, que com a sua simplicidade me ensinou o poder maravilhoso da chuva.

Eu gosto de ficar olhando as pessoas passando com guarda-chuvas. Já reparou que em São Paulo a maioria dos guarda-chuvas são pretos e no Rio de Janeiro são todos coloridos?


E quando está ventando, alguém já reparou a guerra que é travada entre o vento e o guarda-chuva? É no mínimo interessante ver um monte de gente apressada, correndo com seus guarda-chuvas e alguns brigando com os seus que ficam virando, tomando vida e se rebelando sem querer cumprir sua função: aparar a chuva.

É o povo carioca é mesmo diferente. Pensa que por causa da chuva a praia ficou vazia? Que nada, olha só o espetáculo que eu vi na praia no meio dessa garoa fininha. 






E bancar a “brega” dobrando a bainha da calça, porque ficar com a barra da calça toda molhada não rola. E eu sou mestre em pisar em poça d água sem perceber.  Mas se você parar e olhar de perto a água deixa uma luz mágica nas calçadas, um brilho que mostra o outro lado das coisas, talvez o lado cinzento da natureza, que como nós também temos seu “positivo” e negativo”.


Vai ver que a chuva é um dispositivo que mostra o lado das coisas, como uma realidade paralela, um universo alternativo (Isso me lembra um episódio do seriado jornada da estrelas, que via com minha mãe. O episódio se chama “mirror, mirror” , em que o Sr Spok, capitão kirk e alguns outros tripulantes tem uma versão “má” nesse universo paralelo. O interessante nesse seriado é que eles apresentam duas versões do Spok, e nas duas versões ele se mostra ético. A moral da história subentendida nesse episodia de Star Trek é que eles são amigos nesta ou em qualquer outra dimensão. Será que ao nos confrontarmos com o nosso outro lado vamos nos deparar com versões que se mantêm sempre dentro da conduta de nossos pensamentos? Analises de dias de chuva.)
Mas enquanto fico divagando, fico também admirando os pequenos cristais de água sobre as folhas, como diamantes que brilham nos raios de luz.




Ah, mas se eu acordar amanhã, segunda-feira com chuva não vai ser fácil. Começar a semana na chuva vai ser de lascar! Imagino o trânsito e o caos de carros nas ruas.E para estacionar o carro então nem se fala. Mas pressa para quê? Vou aproveite que o dia fica meio devagar e abrandar o meu ritmo de vida.

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