terça-feira, 10 de julho de 2012

Alguns dias se passaram...

Alguns dias se passaram e eu ainda não me acostumei com a idéia de não ter mais minha irmã entre nós. Nó na garganta e lágrimas, ainda são coisas involuntárias que ainda não consigo controlar. Nesse ultimo ano falava com ela todos os dias... No início, quando ela operou fiquei vários dias lá em SP, depois passei a ir de quinze em quinze dias, e quando ela começou a ficar mais debilitada passei a ir toda semana. Depois quando ela se internou, no dia das mães passei a ficar vários dias lá... Na verdade passei a ficar mais no hospital em São Paulo com ela do que na minha própria casa no Rio de Janeiro. Vivia na ponte aérea... No fundo talvez o meu “eu” sabia que eram os últimos dias ao lado dela, por isso instintivamente quis ficar tanto lá. Mas o meu lado consciente não imaginava isso, eu achava que era uma fase e que logo ela iria ficar mais forte e voltar para casa. De qualquer forma o contato foi intenso e profundo e agora sua ausência me deixou sem chão. Lembro-me sempre do sorriso dela, mesmo no hospital, ela não deixava de sorrir, brincava com todos, principalmente com as enfermeiras. Tento fazer  dele uma inspiração para a minha vida que apesar de hoje isso parecer impossível, ela me ensinou a  aproveitar a vida ao máximo e ser feliz nas coisas mais simples da vida. E isso ela sabia fazer, ela era uma pessoa simples e vivia de forma simples. Nunca vi minha irmã de salto alto, ou com jóias ou roupas sofisticadas. Na verdade ela estava sempre de camiseta, tênis e jeans . Talvez por isso ando usando jeans e tênis (coisa que nunca fiz – tênis para mim é só para fazer exercício físico), assim me sinto mais perto dela. Na verdade me sinto perto dela 24hs do dia, ela não me sai da cabeça nem um segundo, não é só porque ela se foi, mas o ultimo ano foi assim, intenso e profundo, vivi esse ano para ela. Não sei se isso é um consolo... Queria ter mais tempo com ela, mas Deus não quis me dar esse tempo...
 Hoje tenho que fazer um resumo sobre a minha irmã para o padre falar um pouco dela na missa. Queria que cada um que conviveu mais com ela escrevesse um pouco dela, assim teríamos todos os lados dela, visto de todas as formas diferentes. Tentarei ver quem quer... Eu já comecei a escrever e minha filha fez a sua colaboração:


Denise era uma pessoa alegre, alto astral, encontrava a gente sempre com um grande sorriso e um abraço gostoso. Simpática (como ela mesma dizia), amiga, com o coração aberto, sempre com uma palavra, um conselho positivo. Em seu um metro e meio de altura ela era uma gigante, de tantos bons sentimentos no coração. Extremamente dedicada à família, abriu mão da vida profissional só para se dedicar ao lar, cuidar dos filhos e do marido. E isso ela fez com maestria. Eles eram tudo para ela. Talvez por isso ela tivesse um jeitinho de mandona, para que tudo ficasse perfeito para a família dela. Ela tinha um lado religioso muito forte, ela tinha muita fé. Deus estava em tudo para ela, e ela agradecia sempre tudo que tinha. Rezava com a alma.
Muito iluminada no campo das artes, ela fazia mágica com os pincéis. Até os desenhos mais simples feito com lápis se transformavam em arte. Na verdade ela fazia arte com qualquer coisa. Quando ela não pode mais usar tintas para pintar (por causa do tratamento e da químio) e não pode mais trabalhar com argila para fazer suas esculturas ela começou a inventar técnicas de recorte e colagens, fazendo coisas lindas!

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